A tese de doutorado “Desafios para o uso sustentável da polinização na agricultura: ameaças da intensificação agrícola nos benefícios socioeconômicos da polinização”, do professor doutor do IFMT – Campus Barra do Garças, Felipe Deodato da Silva e Silva, foi selecionada pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável (PPGDS) da Universidade de Brasília (UnB) para disputar o prêmio Capes de Tese 2020.
O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável da UnB é nota 7 na CAPES. O professor Felipe Deodato da Silva e Silva fez o doutorado com afastamento remunerado pelo IFMT, e durante a tese fez um estágio sanduíche na Université du Quebec à Montreal, no Canadá, com bolsa da CAPES. Além disso, o projeto de doutorado teve financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) (Projeto - nº 193.001.311/2016, Edital nº 3/2016). A tese foi defendida no dia 27 de março de 2019.
Para o professor Felipe Deodato da Silva e Silva ter a tese indicada para participar do prêmio representou o reconhecimento pelo seu trabalho, o esforço, além de satisfação profissional e pessoal.
A tese fez uma análise socioeconômica dos benefícios e impactos da polinização agrícola, em diferentes níveis de análise, focando no benefício econômico desse serviço, nos custos associados ao seu manejo e nas estratégias de proteção aos polinizadores.
Sobre a escolha do tema “polinização”, Felipe Deodato, explicou que o assunto vem sendo discutido internacionalmente e se tornado interdisciplinar. "Durante muito tempo, a polinização foi foco de pesquisadores da Biologia e da Ecologia, mas com o crescimento do reconhecimento da importância da biodiversidade, a polinização veio ganhando destaque por pesquisadores de diversas áreas e também por agentes criados de políticas públicas voltadas para a conservação da natureza. Assim, o intuito da tese foi realizar uma abordagem socioeconômica a partir do conhecimento ecológico que se possui sobre a polinização".
O professor conta que na tese fez uma análise em três níveis: local, da paisagem agrícola e nacional/global. No nível local, o trabalho mostrou que o processo de polinização tem um efeito positivo na lucratividade do produtor. Esse efeito positivo foi dado pelas abelhas nativas, do cerrado brasileiro, quando o produtor utiliza níveis adequados de insumos químicos. O estudo propôs um modelo de avaliação econômica da polinização que já está sendo usado em dois projetos em que o professor Felipe Deodato participa, sendo um sobre a polinização do açaí em o outro com o café. A ideia é que esse modelo possa ser usado em qualquer cultura agrícola.
No nível da paisagem, o estudo focou no efeito de áreas de Reserva Legal e de Áreas de Preservação Permanente sobre a polinização agrícola e seus efeitos econômicos para o produtor. O resultado foi que a Reserva Legal possui uma grande importância para os benefícios econômicos que o produtor recebe com o trabalho gratuito realizado pelos polinizadores selvagens. Isso mostra que áreas de conservação da natureza são essenciais tanto para a preservação da biodiversidade quanto para os ganhos econômicos do setor agrícola.
Por fim, no nível local e global, o professor disse “foi observado que o comércio internacional agrícola é dependente dos polinizadores, especialmente se considerarmos o fluxo comercial dos países em desenvolvimento para os mais desenvolvidos. Além disso, há evidências de que a expansão agrícola nos países mais pobres é influenciada por esse fluxo comercial. Isso afeta a vegetação desses países, ameaçando também a sua biodiversidade e seus polinizadores”.
Por fim, o professor afirma que o estudo conclui que “a proteção dos polinizadores depende de ações coordenadas entre diferentes tomadores de decisões que atuam em diversos níveis. É importante conciliar ações tanto dos produtores rurais, quanto dos gestores públicos que criam políticas de conservação da natureza e que estabelecem as relações comerciais internacionais. Por exemplo, é possível criar instrumentos econômicos que remunerem os produtores que adotam práticas amigáveis aos polinizadores, por exemplo pelos Pagamentos por Serviços Ambientais, bem como, definir acordos multilaterais entre países para remunerar sistemas produtivos exportadores que adotam tais práticas, como por exemplo, a certificação de produtos agrícolas”.
Os dados da tese gerados com a pesquisa local foram usados em duas publicações realizadas em revistas internacionais. A tese foi orientada pelo professor doutor Frédéric Mertens (CDS/UnB) e co-orientado pela Profª. Dr. Luísa G. Carvalheiro (UFG).
Vale destacar também que o professor Felipe agradece o apoio de seu amigo Davi de Lacerda Ramos, que dividiu o trabalho na coleta de dados de polinização, como também a todo o pessoal do Instituto de Biologia da UnB que contribuiu para a pesquisa, bem como, ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, aos seus professores, membros da banca de qualificação e de defesa, e a coordenação e direção do centro.
Sobre o prêmio CAPES de Tese
O Prêmio CAPES de Tese reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.
Criado em 2005 e entregue pela primeira vez em 2006, ele abrange todas as áreas de conhecimento que têm um representante na avaliação da pós-graduação stricto sensu. Um dos objetivos da iniciativa é aumentar a visibilidade das ações positivas e indutoras da CAPES na pós-graduação brasileira
Na edição 2020 serão premiadas cada uma das áreas de avaliação reconhecidas pela CAPES. O Grande Prêmio é oferecido ao melhor trabalho de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas.
Os autores das teses selecionadas de cada uma das áreas de avaliação receberão uma bolsa de estágio pós-doutoral em instituição nacional e seus orientadores, um prêmio para participação em evento acadêmico-científico nacional, no valor de R$ 3 mil. Dos trabalhos escolhidos para o Grande Prêmio, os orientadores receberão R$ 9 mil para participação em congresso internacional e os autores ganharão uma bolsa para estágio pós-doutoral de 12 meses em uma instituição internacional.
Também serão oferecidos prêmios adicionais pelas instituições parceiras. A Fundação Carlos Chagas premiará as teses vencedoras nas áreas de Educação e Ensino. Cada autor receberá R$ 15 mil. Serão ainda agraciados com R$ 5 mil os quatro autores que receberem Menções Honrosas, duas em cada uma destas áreas. O Instituto Serrapilheira premiará com R$ 20 mil cada autor vencedor do Grande Prêmio nos colégios de Ciências Exatas e da Vida.
Já a Comissão Fulbright concederá uma bolsa de pós-doutorado numa universidade norte-americana, por quatro meses, no valor de US$ 16 mil para a tese que evidencie a melhor relação Brasil-Estados Unidos.o do resultado dos prêmios está prevista para setembro e do Grande Prêmio para dezembro de 2020.
Revistas Internacionais que publicaram os artigos
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0204460
https://advances.sciencemag.org/content/5/10/eaax0121
Fonte:Ascom/Reitoria/IFMT - Juliana Michaela
